Essa é a dúvida de um milhão de reais. Ou, para a maioria de nós, a dúvida dos 80 mil do carro novo ou dos 400 mil da casa própria. Na hora de realizar um grande sonho, o brasileiro se depara com uma encruzilhada que parece não ter resposta fácil: devo entrar em um consórcio e contar com a sorte, ou encarar o financiamento e seu carnê interminável?
Ambos os caminhos são vendidos como a solução, mas, como jornalista, aprendi que a história que te contam nem sempre é a história completa.
A verdade é que, em quase 100% dos casos, um desses caminhos é drasticamente pior para o seu bolso. E existe uma terceira via, muito melhor, que raramente te apresentam. Prepare-se, pois vamos desvendar essa questão de uma vez por todas.
Desvendando o Financiamento: A Ilusão da Posse Imediata
O financiamento é sedutor. Ele te entrega as chaves do seu sonho amanhã. O mecanismo é simples: você pega dinheiro emprestado do banco para comprar o bem e depois devolve esse dinheiro em parcelas, acrescido de juros.
- A Vantagem Óbvia: Você sai com o bem na mão imediatamente.
- A Verdade Dolorosa (O “Segredo”): O que importa não são os juros nominais, mas o Custo Efetivo Total (CET). Embutidos nas parcelas estão seguros, taxas e impostos que fazem o custo real disparar. Não é raro você pagar o equivalente a dois carros pelo preço de um ao final de 60 meses.
Financiar é pagar pelo bem e, ao mesmo tempo, pagar um “aluguel” altíssimo pelo dinheiro que o banco te emprestou.
Desvendando o Consórcio: A Poupança Forçada em Grupo
O consórcio é vendido como um “investimento” ou uma “compra inteligente”. Não é nem um, nem outro. O consórcio é uma poupança em grupo.
Você e outras pessoas pagam uma parcela mensal para criar um fundo. Todo mês, alguém é “contemplado” por sorteio ou lance e pode usar o dinheiro para comprar o bem. Você não paga juros, mas paga uma taxa de administração para a empresa que organiza o grupo.
- A Vantagem Óbvia: O custo final é significativamente menor que o do financiamento, pois não há juros.
- A Verdade Dolorosa: Você não sabe quando terá o bem. Pode ser no primeiro mês ou no último. Você está pagando por algo que não está usando. Além disso, as parcelas são reajustadas, e seu poder de compra pode ser corroído pela inflação.
A Análise do Jornalista: Colocando os Números na Mesa
Vamos imaginar um carro de R$ 80.000.
- No financiamento (exemplo): Em 60 meses, com juros, seguros e taxas, o valor total pago pode chegar a R$ 140.000. Você pagou R$ 60.000 só pelo privilégio de ter o carro antes.
- No consórcio (exemplo): Em 60 meses, com uma taxa de administração de 20%, o valor total pago seria de R$ 96.000. Você pagou R$ 16.000 de taxa.
A diferença é brutal. Mas a pergunta certa não é qual é o menos pior.
A Resposta Definitiva (E a Terceira Via que Ninguém Te Conta)
A resposta polêmica é: fuja do financiamento como se ele fosse uma praga para o seu patrimônio, a menos que o bem seja essencial para gerar renda imediatamente (ex: um carro para um motorista de aplicativo).
O consórcio é financeiramente “menos ruim”, mas te deixa refém da sorte.
Então, qual é a melhor opção de todas? A terceira via:
Planejar e Investir.
Pegue o valor da parcela que você pagaria no financiamento (ex: R$ 2.300) e, em vez de entregá-lo ao banco, invista-o todo mês em um investimento seguro que renda mais que a poupança, como o Tesouro Selic (que já discutimos aqui no portal).
Em um tempo muito menor do que os 60 meses do financiamento, você terá os R$ 80.000 na mão. Com esse dinheiro, você compra o carro à vista, com um belo desconto, e fica livre de qualquer dívida.
A verdadeira escolha não é entre consórcio e financiamento. É entre enriquecer um banco ou enriquecer a si mesmo.
Não escolha entre o remédio caro e o remédio lento. Escolha a saúde financeira de planejar e não precisar de nenhum dos dois. Esse é o verdadeiro segredo para construir seu patrimônio.